O termo ESG não obstante ser utilizado de forma relativamente recente, o mesmo foi cunhado em 2004, oriundo de uma publicação do Pacto Global, trazido de uma sigla no idioma inglês das palavras Environmental, Social and Governance, que correspondem às boas práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização, podemos refletir e identificar que seus objetivos nos remetem às origens das civilizações organizadas da raça humana.

As preocupações e os objetivos implícitos nos princípios ESG fazem parte do papel e responsabilidade das pessoas em governar e administrar os recursos de sua “morada”. Torna-se relevante pensar e refletir que no início das civilizações, os povos tratavam essa “morada” sem o estabelecimento de paredes, cercas ou portões e até mesmo fronteiras que limitavam suas atuações, cujos prolongamentos territoriais ultrapassavam o horizonte. Dessa forma, a visão ampliada de “morada” naturalmente levava o ser humano a governar todos os recursos existentes no planeta.

Com o passar dos tempos, apesar das diversas inovações em todas as áreas, a sociedade, potencializada pelo protecionismo, individualismo, sentimentos exclusivistas e pelo egoísmo exacerbado, levaram as civilizações a criarem paredes, cercas, muros, portões, limites e fronteiras, criando “bolhas”, imaginando estar “garantido”, por meio de estruturas blindadas, e reserva própria de recursos. Entretanto, ficou claro que, por maiores e confortáveis que essas bolhas pareçam ser, são artificiais, limitadas, frágeis, herméticas e, portanto, insustentáveis.

Por oportuno, uma retomada aos primórdios de tudo, com a adoção de uma agenda ESG, por meio de uma abordagem sistêmica e organizada, é um importante aliado para a transformação de países, governos, companhias, e consequentemente das sociedades organizadas. As empresas podem e devem inspirar e liderar as mudanças necessárias, incorporando os princípios do ESG em suas estratégicas, envolvendo os acionistas, colaboradores, clientes, investidores, comunidade e parceiros de negócios.

O ponto de partida para o sucesso do ESG é a mudança de “mindset”, é preciso resgatar a priorização da preocupação e valorização do coletivo, da colaboração, do compartilhar, além das cercas, muros e fronteiras.

Assim, as efetivas ações de mudanças motivadas por ações humanas nos âmbitos ambientais, sociais e de governança, norteados pelos princípios ESG, são fundamentais e legítimos, para a manutenção, sustentabilidade e perenidade da vida.

Clodoaldo Oliveira Sena
Compliance & Risc Management Expert